"Design gráfico é uma actividade técnica e criativa relacionada não apenas com o produto de imagens, mas com a análise, organização e métodos de apresentação de soluções visuais para problemas de comunicação."

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sábado, 19 de junho de 2010

Segunda proposta - Memória descritiva

Alberto Caeiro



A composição tipográfica sobre Alberto Caeiro foi conseguida através do programa Adobe FreeHand. Foi nossa intenção explorarmos ao máximo as características aferidas anteriormente na pesquisa que fizemos. Surgiu-nos, assim, a ideia de criarmos algo que se identificasse com o carácter deambulatório de um poeta de pouca instrução, de visões simplistas e básicas da vida.
Desta forma, optámos por utilizar estilos de letra infantis, numa alusão à escrita
primária, muito identificativa da simplicidade e da pouca instrução do poeta, bem como a sua falta de exibição dos seus dotes. Considerámos interessante criar uma imagem de harmonia e do meio da natureza que é o meio sempre referido pelo poeta nas constantes metáforas.
Aliás, a sua poesia é muito baseada nos elementos da natureza e a sua deambulação ocorre ao ar livre. Criámos, assim, um cenário natural, com árvores e erva, as nuvens, o sol, construído com letras.
A linha de texto em tamanho pequeno pretende dar a ideia do vento que sopra levemente pelo ar mas que se faz sentir como algo prazeiroso e agradável. No fundo, o texto em cinza, pretende dar a ideia do guardador de rebanhos, em que os ideais estão sempre presentes em qualquer cenário.

Álvaro de Campos



No que diz respeito ao heterónimo Álvaro de Campos, quisemos tirar partido do carácter de euforia incansável inicial que, mais tarde, dá lugar à melancolia e ao tédio de viver.
Assim, optámos por usar um tipo de letra mais “objectivo”, quase que “grosseiro e bruto” sem serifas, para dar um ar de explosão, de forte impacto.
Sendo que consideramos a grande característica de Álvaro de Campos a sua dupla
personalidade, decidimos usar também uma dupla personalidade na nossa composição.
Em grande plano, de grandes dimensões, está o “EIA”, que traduz o sentimento de euforia. Emoposição, encontra-se a segunda linha de texto: “RRRRRRR ETERNO”, para dar um efeito contrário, de queda, de fraqueza. Isto é transmitido pelo facto de estar ao contrário (oposto), numa contraposição à euforia, é o tédio, a apatia para a vida, sendo de menores dimensões, letras mais finas – maior fragilidade.

Ricardo Reis



As principais ideias que queríamos transmitir com a composição deste poeta são:
leveza, apatia, espontaneidade, fluência e simplicidade. Para tal efeito, criámos linhas de que transmitissem a ideia de rio, de água a fluir, de corrente, de nos “deixarmos levar”.
O passo seguinte foi escolher o tipo de letra. A nossa escolha recaiu em dois tipos de letras diferentes. Primeiro, um tipo de letra primário, parecido com o utilizado em Alberto Caeiro, pela perspectiva simplista, quase infantil de Ricardo Reis. O “medo” em relação à entrega aos sentimentos são concepções algo básicas para um homem adulto. De seguida optámos por um tipo de letra que se associasse à formação clássico-latina de Ricardo Reis, um médico, uma letra de aspecto manual mas com requintes de classe.
A frase “Sofro, Lídia de medo do destino” surge numa alusão à filosofia adaptada à mulher Lídia, recorrente nos poemas de Ricardo Reis. A frase surge em destaque, em duplicado, assumindo um carácter forte e intenso.
Uma das frases está a preto e outra a cinzento. O cinza representa uma “sombra”, o medo que persegue Ricardo Reis quanto às relações e sentimentos, depois concretizado a preto. A cor azul surge em algumas palavras pela inerente relação que o poeta estabelece com o mar, o rio, a corrente que o leva até ao seu fim.
Inserimos ainda as palavras-chave da poesia de Ricardo Reis, salientadas em diferentes tamanhos, cores e tipos de letra ao longo da composição.

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