terça-feira, 16 de março de 2010
Primeira proposta,primeira divagação
I think I'm drowning
asphyxiated
I wanna break this spell
that you've created
You're something beautiful
a contradiction
I wanna play the game
I want the friction
you will be the death of me
you will be the death of me
Bury it...
I won't let you bury it
I won't let you smother it
I won't let you murder it
Our time is running out
Our time is running out
You can't push it underground
You can't stop it screaming out
I wanted freedom
bound and restricted
I tried to give you up
but I'm addicted
Now that you know I'm trapped sense of elation
You'd never dream of
breaking this fixation
You will squeeze the life out of me
Bury it...
I won't let you bury it
I won't let you smother it
I won't let you murder it
Our time is running out
Our time is running out
You can't push it underground
You can't stop it screaming out
How did it come to this?
ooooohh
Recebo a primeira proposta de trabalho e rapidamente me apercebo que talvez seja preciso mais do que "ideias giras" para singrar na tão misteriosa disciplina de Design.
Confesso a minha abstração do propósito do trabalho durante os primeiros dias, pela dificuldade em perceber o que de facto era pretendido. O possível recurso a fotografias, desenhos, texturas, pontos, linhas...todas essas hipóteses convergiam na minha cabeça num emaranhado tal que a abstração surgiu como algo obrigatório, de forma a poder divagar um pouco sobre a música sem restrições ou limites por mim própria impostos. A tarefa foi simultaneamente dificultada e facilitada pelo professor numa incansável enumeração de possíveis recursos, elementos e técnicas.
Facilitada, uma vez que novos caminhos se abriam na nosssa mente e uma luz ao fundo começava a brilhar, apesar de intermitente.
Dificultada, visto que a minha vontade era poder "vasculhar" todas as ideias e criações mentais do professor, como que um motor de arranque para o desenvolvimento de algo concreto.
Após uma paragem forçada, volto para tentar desmitificar esta proposta.
A música está escolhida: "Time is running out", da tão aclamada banda, Muse.
Trata-se de uma faixa do álbum "Absolution". A música foi lançada como single em 2003 e revelou-se o primeiro grande sucesso da banda.
A respectiva música transmite, desde logo, uma sensação de asfixia, de prisão, de sufoco. Baseia-se num jogo de sedução entre dois indivíduos, quase como o jogo do "gato e do rato". Fala em feitiço lançado, algo a que um homem (frágil e facilmente manipulado) se vê impossível de resistir. Há a vontade de contrariar o apelo mas, ao mesmo tempo, a vontade incontrolável de entrar num contexto de "caça": "I wanna play the game,I want the friction!".
Ciente das "contra-indicações" de um envolvimento com o outro, o indivíduo chega a compará-lo com a morte, num sentido de profunda destruição, de catástrofe sobre a sua vida. A letra da música revela-se uma espécie de desabafo sofredor e, simultaneamente, de sede de mais "conflito" na primeira pessoa.
Outra ideia patente nesta música é a efemeridade da vida, do tempo, ora não fosse o sagrado título "Time is running out". Não só o "acabar" do tempo como também a impossibilidade de o fazer parar, de travar a evolução natural da vida.
O sujeito não quer que o tempo acabe, que o jogo chegue ao fim, inclusive deixa claro que não deixará que o outro o "enterre",que deixe a "fricção" morrer.
Surge a ideia de extremo vício, de desejo profundo, de dependência incomensurável, não deixando de relembrar que poderia seguir o caminho da independência, da liberdade, mesmo aquando da total escassez de lucidez para concretizar tal opção.
Concluindo, no final da minha ingénua mas esforçada interpretação da música (não que esta fosse complexa para tal)posso destacar as principais ideias: asfixia,sufoco,sedução,jogo,fricção,vício,dependência,desejo,paixão,tensão,conflito,pressão,obsessão,descontrolo,irracionalidade.
Já "dizia" Dondis (1991 que "os elementos visuais constituem a substância básica daquilo que vemos [...]", que tudo aquilo que surge de um esboço, de um projecto, de um desenho, de uma construção, parte sempre de uma lista de elementos básicos e que "a escolha dos elementos visuais que serão enfatizados e a manipulação desses elementos [...]está nas mãos do artista [...]; ele é o visualizador”.
Observando os elementos básicos da comunicação visual existentes,posso referir que a linha é, sem dúvida, um elemento ao qual quero recorrer. Sabendo que "[...]apesar de sua flexibilidade e liberdade, a linha não é vaga: é decisiva, tem propósito e direcção, vai para algum lugar, faz algo de definitivo.[...]Seja ela usada com flexibilidade e experimentalmente, ou com precisão e medidas rigorosas , a linha é o meio indispensável para tornar visível o que ainda não pode ser visto, por existir apenas na imaginação".
Penso que no meu trabalho é pertinente utilizar a perspectiva de flexibilidade e liberdade da linha, contextualizando com a situação de conflito, de dinamismo do jogo de sedução,da tensão, do desejo. As própria linhas podem entrar em confronto,numa manipulação mútua constante. A ideia de asfixia e sufoco também pode ser traduzida através da linha bem como a efemeridade do tempo, pelo que sem dúvida, de alguma forma, a linha fará parte da composição visual.
"Cada uma das direções visuais tem um forte significado associativo e é um valioso instrumento para a criação de mensagens visuais." A direcção é, igualmente, um elemento a recorrer, numa tentativa de traduzir toda a envolvência entre os indíviduos, a "fricção", o dinamismo do confronto, da luta entre seduzir e ser seduzido.
A cor é já inerente a todo o projecto, visto ser um importante meio de traduzir as ideias supramencionadas. Idealizo cores fortes, não dispensando o preto e o vermelho como uma conjugação de desejo e sedução, de vontade e resistência, de conflito e paixão. Porém, à medida que irei desenvolvendo o projecto pode perfeitamente surgir-me qualquer outra cor que se enquadre na minha interpretação.
[...] O movimento talvez seja uma das forças visuais mais dominantes da experiência humana.". Quero, sem dúvida, conferir movimento aos elementos utilizados para transmitir toda a ideia de dinamismo e conflito que já referi.
Quanto às técnicas, é-me imediatamente claro dispensar técnicas relacionadas com harmonia,bem-estar, toda e qualquer forma de normalidade, calma e paciência. Visto não serem estas as características da música, também pelo som ritmado de crescente progressão, irei dispensar técnicas como equilíbrio, simetria, regularidade, simplicidade, pevisibilidade, etc.
Tenho em mente orientar-me por técnicas precisamente contrárias às referidas. Como é o caso da instabilidade, complexidade, espontaneidade e ousadia. São as técnicas que me parecem mais pertinentes para a contextualização com as características que já referi da música, uma vez que se enquadram na instabilidade vivida pelo sujeito entre o desejável e o resistível, entre a asfixia e a liberdade; a complexidade do conflito vivido, a dualidade entre paixão e a rejeição; a espontaneidade da forte atracção, a fraca racionalidade e a ousadia que exige um jogo de sedução.
Mesmo com ligeiro atraso, espero acompanhar este projecto e torná-lo algo concretizado com dedicação e esforço, pondo em prática as abordagens das aulas e todo o aconselhamento do professor.
Anseio por vê-lo terminado, para poder apreciá-lo e ficar orgulhosa com os meus primeiros passos neste mundo da comunicação visual.
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